Hospital Maria Lucinda realizou cirurgias de reconstrução de bexiga
  • 04 Fev

Hospital Maria Lucinda realizou cirurgias de reconstrução de bexiga

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Procedimentos de alta complexidade também incluíram a reconstrução de órgãos dos sistemas reprodutivo e urinário, beneficiando um menino de 8 anos e uma menina de 10 meses

No último sábado (1), o Hospital Maria Lucinda, no Recife, realizou, simultaneamente, duas grandes cirurgias pediátricas de urologia, utilizando a técnica de Kelly. Os procedimentos de alta complexidade promovem a reconstituição de bexiga e órgãos dos sistemas reprodutivo e urinário e beneficiaram um menino de oito anos, do interior da Paraíba, e uma menina de 10 meses, moradora de Jaboatão dos Guararapes. O processo é viabilizado por um grupo de especialistas de diversas partes do país e é todo custeado pelo SUS.

Por serem de grande porte, as cirurgias exigem a mobilização de equipe multidisciplinar para os cuidados após os procedimentos. Para o pós-operatório, é viabilizada toda uma estrutura de UTI pediátrica para que as crianças sejam assistidas da forma mais adequada. 

A técnica de Kelly é considerada uma das mais avançadas para fazer a correção da extrofia de bexiga, uma anomalia congênita rara que afeta 1 a cada 50 mil nascidos vivos. Nas pessoas com esta condição, o órgão não é recoberto pela parede abdominal, ficando exposto e levando à incontinência urinária e malformações geniturinárias (do pênis e vagina). Através deste método, é possível realizar a correção completa em uma única cirurgia - que chega a nove horas de duração - e promove resultados com melhor estética e funcionalidade. O ideal é que as cirurgias sejam feitas o quanto antes para que a evolução seja a melhor possível.

Quem coordenou as cirurgias do último sábado foi o superintendente do Hospital Maria Lucinda, Luiz Alberto Araújo, que integra o Grupo Multi-Institucional para Tratamento de Extrofia de Bexiga. Este coletivo é liderado pelo médico Nicanor Macêdo, do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (RJ), e reúne mais de 250 especialistas em Urologia que atuam de forma filantrópica, bancando inclusive os próprios custos de transporte e hospedagem.

Araújo explica ter recebido o convite para integrar o Grupo por já realizar cirurgias pediátricas urológicas há muitos anos. “Há mais de 50 anos, eu realizo essas cirurgias de extrofia, no entanto, ainda não utilizava a técnica de Kelly. Por isso, o processo era mais demorado, já que era necessário fazer mais de uma cirurgia para obter um resultado final satisfatório. Poder fazer deste grupo, junto a outros médicos com grande expertise no assunto, é engrandecedor. Nós discutimos os casos, trocamos experiências e, à medida que vamos operando com uma frequência regular, conseguimos melhorar os resultados das cirurgias”, explica.

A taxa de sucesso dessas cirurgias é muito boa e não possui registros de óbitos. Sem a realização deste procedimento, as pessoas com esta condição de extrofia de bexiga teriam muitas limitações. E, por isso, promove uma transformação completa na vida dos pacientes: tanto do ponto vista físico, uma vez que mexe na esfera urinária, do controle dos esfíncteres, quanto do ponto de vista social, quando podem levar uma vida muito próxima do normal como cidadãos, tendo filhos, obtendo formações.

QUALIFICAÇÃO - A realização desse procedimento contribui para a qualificação de novos profissionais que estão em processo de formação quando se diz respeito ao tratamento de extrofia de bexiga. “A gente sabe que precisa existir continuidade e se não tivermos a capacidade de transmitir esses conhecimentos a novas gerações, tudo que se fez vai embora. E esse trabalho estimula muitos residentes que estão terminando as suas especializações, que ao participar disso têm a oportunidade de adquirir grande experiência”, reforça o médico.

“Precisamos que, cada vez mais, esses centros sejam abastecidos por profissionais com conhecimento nesse tipo de correção para que possamos atingir de maneira muito mais globalizada esses pacientes. Nosso objetivo é ampliar a realização desse tipo de cirurgia, pois, apesar de rara, há uma fila de espera em diversos estados, incluindo Pernambuco”, continua Araújo. 

FILANTROPIA - A realização da cirurgia no Hospital Maria Lucinda reforça o compromisso da instituição com a excelência no atendimento pediátrico e a ampliação do acesso a procedimentos de alta complexidade para crianças de Pernambuco e de outros estados. 

O Grupo Multi-Institucional para Tratamento de Extrofia de Bexiga pela Técnica de Kelly atua de forma itinerante, deslocando-se para diferentes cidades onde há crianças necessitando do procedimento. Criado há cerca de cinco anos, o grupo já realizou mais de 125 cirurgias em todo país. Com isso, além de atender pacientes, a iniciativa contribui para a capacitação de equipes locais e o aprimoramento da assistência oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

“Realizar esses procedimentos nesse formato simboliza o SUS que eu sempre sonhei na minha vida. Eu sou um profissional que trabalhei a minha vida toda neste Sistema e sou um entusiasta, porque ele atinge efetivamente as populações mais carentes, não só na Urologia Pediátrica, mas em tudo. E quando vejo essas realizações, eu sinto que estamos cada vez mais próximos de vê-lo fortalecido e tenho uma satisfação imensa de ter percorrido essa trajetória”, finaliza Luiz Alberto Araújo.

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